quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Eu não sabia...♥

"Peço desculpas a todas as minhas amigas que tiveram filhos antes de mim...
Por: Camila Furtado

Quando nós não temos filho, o que mais escutamos das nossas amigas que já têm ou até mesmo dos nossos pais é: "Você não tem filho, você não sabe." E é a mais pura verdade, mesmo que a pessoa tenha uma boa noção do que é ter filhos, ou porque convive com crianças, ou porque é uma pessoa de bom senso mesmo, só dá para saber de verdade o que é ter filhos quando você de fato tem.

E eu como todos os desavisados que saem por aí tomando conclusões, dando conselhos ou simplesmente pensando e falando coisas absurdas, cometi várias injustiças com as minhas amigas que viraram mãe antes de mim. 

Uma das minhas melhores amigas casou cedo e logo depois virou mãe assim meio no susto, sem planejar. Era o auge das nossas vidas. Carreiras deslanchando, gente nova, festas, viagens. E eu simplesmente não entendia porque pelo menos uma vez por semana ela não podia sair com a gente como sempre fez. Eu dizia: "Vai, pega uma babá, pede para sua mãe, é só uma noite." É claro que não me passava pela cabeça que se a minha pobre amiga, mãe de primeira viagem, que nunca parou de trabalhar, tivesse à disposição uma babá confiável ou uma mãe solícita, talvez o que ela mais quisesse não seria sair comigo. Talvez ela desse prioridade para alguma coisa mais imprescindível para a continuação da vida dela, como por exemplo, dormir, ou tomar um banho demorado, transar com o marido dela ou simplesmente não fazer absolutamente nada.

Não me passava pela cabeça que ser mãe de filhos pequenos e ao mesmo tempo querer ser você é uma proposta bem ambiciosa, caso você não esteja terceirizando a maternidade. Eu não sabia que para conseguir trabalhar e ter um bebê em casa minha amiga abdicava de muitas coisas básicas sob o ponto de vista de quem não tem filhos. E quando eu digo básica, é básica mesmo: comida, diversão e arte.

Numa outra ocasião, uma outra amiga, que morava na Suécia com o marido e dois filhos pequenos, estava de passagem por São Paulo e me ligou meio em cima da hora querendo me ver. Ela argumentava torcendo para que eu concordasse: "Só tenho hoje, sei que tá em cima, mas você pode?Quero muito te ver, consegui deixar meus filhos assim de última hora com minha mãe." Ela me pegou saindo do trabalho. Eu estava super cansada. Ia viajar para a Argentina a trabalho no dia seguinte, o voo era super cedo e eu não tinha feito a mala. Eu queria muito vê-la também, mas como, se eu não tinha feito a mala? Mas por que ela não me avisou antes? Ela não podia ter se planejado? "Desculpe, não posso. Eu nem arrumei a mala e viajo às 5h da manhã amanhã.", finalizei com pena, mas convicta.

O que eu também não conseguia perceber é que eu poderia ver minha amiga, varar a noite fazendo a mala, se fosse o caso, e no dia seguinte, chegar no meu confortável hotel, encarar um dia de trabalho com sono (e/ou ressaca) e depois dormir. Dormir horas seguida e interruptas por todas as noites que eu quisesse, até que o primeiro bebê parasse no meu colo. Eu lembro da decepção na voz da minha amiga, e eu lembro da minha total falta de capacidade de entender o porquê.

A verdade é que quando não temos filhos, não temos noção mesmo. E com essa afirmação não quero massacrar quem não tem filho, que, claro, não pode saber. Quero apenas, formalmente, pedir desculpas às minhas amigas. Desculpe, eu não sabia.

Eu não sabia a quantidade de coisas que vocês faziam ao mesmo tempo, eu não sabia o quanto vocês podiam planejar tudinho e, por alguma razão banal, como por exemplo febre, tudo seria cancelado. Eu não sabia o que era cansaço e vontade de dormir, eu não sabia o que era não ter 5 minutos de paz, nem para ir no banheiro. Eu não sabia o que era estar em um lugar com o coração no outro. Eu não sabia que depois que a gente vira mãe, a gente, da maneira como a gente existia, não existe mais. E que tudo tem que ser reinventado, inclusive as amizades. " 

Esse diviníssimo texto está no site: tudosobreminhamae.com



Não tenho muitas amigas com filhos antes de mim, e não me lembro de ter feito comentários assim meio absurdos por conta disso (veja bem, não me lembro se os fiz).
Sou quase uma das poucas das minhas amigas com filhos. E realmente, desde a gravidez, não saía praticamente nada por conta de tanto sono que sentia.
Então o recado é para minhas amigas que ainda não tem filhos! Desculpe se ando realmente mais ausente do que antes. Depois de um filho, as prioridades mudam. Cada fase passa tão rápido, que cada minuto grudada no filho vale mais do que qualquer outra coisa.
A gente ouve mesmo muitos comentários e conselhos, tanto na gravidez quanto depois que o bebê nasce, cresce e suponho que seja assim até que seja adulto. E os comentários vem de todos os lados, pessoas que tem filhos ou as que não tem.
Cada um educa seus filhos da maneira que achar melhor, dentro dos seus padrões de educação, moral e valores. Não é diferente comigo. Eu quero fazer do meu jeito, estando certo ou não, na opinião de quem quer que seja. Se antigamente era de um jeito, hoje pode ser diferente. Se sua amiga fazia de um jeito, ótimo, era problema dela. Eu vou agir com a Sofia da maneira que eu acredito ser a melhor para ela e ponto.
Quem não tem filhos não sabe de verdade o que é preocupação, o que é sentir a dor de um parto (ou pós parto, no meu caso), o que é se sentir cansado, o pavor que causa uma simples febre, a dificuldade em sair de casa...coisas tão simples, que todo mundo sente...mas que tomam uma proporção inimaginável depois que se tem um filho. Acho que a maternidade é uma coisa mágica, inexplicável. Cada mãe deve sentir do seu jeito, mas pra mim foi a coisa mais intensa que já aconteceu! O cansaço é ao extremo, o sono é ao extremo, a desorganização é ao extremo, a quantidade de roupas para lavar é ao extremo...mas em compensação, a alegria e o amor não cabem mais no peito! E a gente descobre o quanto dói uma saudade. Descobre que o tempo é contraditório...quando estamos longe passa devagar e quando estamos juntas passa muito rápido.

Então é isso... é isso que deixo para minhas amigas que ainda não tem filhos...Espero que um dia entendam essa ausência, e que possam sentir esse amor indescritível também. 

















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