domingo, 2 de dezembro de 2012

O verdadeiro amor... ♥



Nós estamos sentadas, almoçando, quando minha filha casualmente menciona  que ela e seu marido estão pensando em "começar uma família." 
- Nós estamos fazendo uma pesquisa. - ela diz, meio de brincadeira. - Você acha que eu deveria ter um bebê?
-Vai mudar a sua vida - eu digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.
-Eu sei - ela diz. -Nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas...


Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para minha filha tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta, que ela estará para sempre vulnerável.



Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar: "E se tivesse sido o MEU filho?"; que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar; que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.



Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso, e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzí-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote; que um grito urgente de "Mãe!" fará com que ela derrube suflê na sua melhor louça sem nem hesitar por um instante.



Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos investiu na sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia entrará em uma importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro da sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que seu bebê está bem.



Eu quero que minha filha saiba que as decisões do dia a dia não mais serão rotina; que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino, ao invés do feminino, no McDonald´s, se tornará um enorme dilema; que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.


Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, se questionará constantemente como mãe.


Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que jamais se sentirá a mesma sobre si mesma; que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho; que ela a daria num segundo para salvar a sua cria - mas que também começará a desejar mais anos de vida, não para realizar seus próprios sonhos, mas para verem seus filhos realizarem os deles. 



Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias serão medalhas de honra.



O relacionamento da minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará novamente por ele por razões que hoje ela acharia nada românticas.



Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que,  através da história, tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.



Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que me torno temporariamente insana quando discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.



Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprendendo a andar de bicicleta.



Quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Quero que ela prove a alegria que, de tão real, chega a doer.



O olhar de estranheza de minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.


- Você jamais se arrependerá - digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto-lhe a mão e faço uma prece silenciosa por ela e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho esse que é o mais maravilhoso dos chamados; esse presente abençoado de Deus, que é ser "mãe".

(Desconheço o autor)


Quando li esse texto, as emoções que sinto em relação à maternidade são exatamente essas. Sabia que não dormiria mais, que minha vida mudaria, que minhas preocupações seriam diferentes.
Mas eu não tinha ideia da dimensão desse sentimento.
Que a maternidade vai muito mais além disso. Muito mesmo.
Não sabia que podia ficar horas olhando meu bebê dormir, e o quanto isso poderia me trazer alegria.
Não sabia que meu coração ia explodir de alegria cada vez que ela segura meu dedo em suas delicadas mãozinhas.
Não sabia que me faltaria um pedacinho cada vez que tenho que sair de casa sem ela.
Não sabia que seu choro deixaria um buraco em meu coração.
Sabia que ser mãe seria a melhor coisa da vida, mas não sabia o quanto isso preencheria meu coração.


Beijinho, filha!


"Mamãe, só quero escutar seu coração..."


Pedacinho do meu coração!


Tem como amar ainda mais?